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A fuga ocorrida no CDP de Caraguatatuba na quarta (10/10) deve servir de alerta a todos os Policiais Penais do Estado.

Como nós do SINPPENAL já estamos avisando desde o início do Governo Tarcísio o déficit funcional é uma das mais graves ameaças à segurança e disciplina das unidades prisionais.

A falta de pessoal aliada a superlotação das unidades além de comprometer a segurança, tem levado a um desgaste da saúde dos Policiais, resultando em um aumento dos afastamentos médicos, o que cria um círculo vicioso de déficit funcional e adoecimento.

Porém episódios como o de Caraguatatuba revelam um aspecto pouco discutido entre nós, que os improvisos devido a falta de pessoal podem custar nossa carreira profissional.

 

Nosso dever como Policiais Penais

Todos que trabalham em unidades prisionais, sabem que a maioria dos Policiais Penais na maioria das vezes fazem muito além do seu dever. Sem essa determinação quase religiosa destes abnegados o maior sistema penitenciário do país já teria entrado em colapso.

Porém mesmo fazendo muito além de nosso dever muitos Policiais Penais se esquecem que é nosso dever denunciar as irregularidades.

Em última instância, o diretor de uma unidade ou complexo prisional é o responsável legal por tudo o que ocorre dentro de uma unidade prisional respondendo cível e criminalmente por ações e omissões que venham a acarretar violações de segurança ou dos direitos das pessoas privadas de liberdade. 

Essa responsabilidade abrange inclusive a comunicação às instâncias superiores da SAP quando o déficit funcional ameaçar o cumprimento das obrigações legais.

Caso exista omissão por parte da Secretaria que ameace quaisquer desses aspectos fundamentais, o diretor é obrigado a comunicar à Vara de Execuções penais.

Porém devido ao fato dos diretores serem indicados como cargos de confiança tais comunicações dificilmente acontecem.

A maioria dos gestores terceiriza suas responsabilidades através de ordens não escritas, fazendo com que os Policiais Penais assumam responsabilidades além das previstas e que muitas vezes violam a legislação, os regramentos da própria secretaria e os procedimentos padronizados.

Nos casos em que alguma coisa dá errado o Policial Penal que não comunica as violações dos procedimentos internos, das regulamentações e leis acaba assumindo para si a culpa do problema, com graves consequências para sua carreira, podendo responder civil, criminal e administrativamente.  

Segundo o Artigo 34.  da lei orgânica “São deveres do policial penal: :

  • VI - cumprir e fazer cumprir a Constituição, as leis, as atribuições da Polícia Penal …;
  • XXII - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou de autoridade competente para apuração.

 

Portanto, a comunicação de irregularidades não é apenas uma orientação, mas um dever formal do policial penal, com responsabilidade direta (funcional, civil e criminal) caso deixe de cumpri-lo.

Não deixe o erro virar rotina - Denuncie

Coisas tão comuns e ao mesmo tempo tão erradas como por exemplo:assumir mais de um raio, movimentar presos sem a quantidade de efetivo necessária, escoltar presos em hospitais sozinho ou sem ter feito o curso de nivelamento e portanto estar acautelado com arma e colete balístico entre outras passam a ser um risco direto assumido pelo Policial.

Nos casos em que não exista efetivo adequado e isso implique em violação da segurança ou de qualquer direito do preso é dever do Diretor da Unidade prisional comunicar a Vara de Execução Penal e não obrigação do Policial Penal violar normas, leis e regulamentos para que o Diretor não se veja obrigado a Comunicar ao judiciário a omissão da secretaria em prover o quadro de pessoal necessário ao cumprimento da lei.

 

Proteja-se

Quaisquer irregularidades, ordens ilegais ou violações do procedimento devem ser registrados no Livro Ata, de acordo com a gravidade deve ser feito o comunicado de evento (sempre em duas vias) e denúncia a Corregedoria da Polícia Penal:Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Também orientamos a todos que todos esses procedimento devem também ser denunciados ao SINPPENAL através do email: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

O aniversário de 80 anos de Dracena foi comemorado com um grande desfile cívico, na última quarta-feira, dia 10, na Avenida Presidente Roosevelt. Entre os pontos relevantes, dois se destacaram na ocasião, o retorno de uma tradição que não acontecia há seis anos e o desfile da Polícia Penal, que emocionou os presentes.

Participaram do desfile, além da Polícia Penal, representantes das forças de segurança, como policiais militares e civis, e Corpo de Bombeiros.

Lembrando que a Polícia Penal do Estado de São Paulo fez a sua estreia no Desfile do Dia da Independência do Brasil, em 7 de setembro, tanto na Capital quanto em diversas celebrações no interior. As apresentações foram um misto de orgulho e expectativas por medidas de valorização da profissão.

Isso porque, além dos salários, que não tiveram o reajuste prometido, os policiais penais convivem penais convivem com a pior estimativa de déficit de profissionais nas unidades prisionais, de cerca de 35%, o que aumenta a insegurança e sobrecarga de trabalho.

O presidente do SINPPENAL, Fabio Jabá, é um ferrenho defensor da categoria, e lembra que o atual Governo Estadual deixou os policiais penais sem o reajuste concedido às demais forças de segurança, sob a alegação da falta de regulamentação da Polícia Penal.

“Em dias de celebração, nós também temos o dever de refletir sobre as condições de trabalho dos policiais penais, que são, também, uma força vital da segurança e merecem respeito”, afirma Jabá

Nesta quarta-feira um preso  de nome Maiky Entonny Venancio França fugiu do CDP de Caraguatatuba. Segundo as informações obtidas pelo SINPPENAL o preso fazia trabalhos internos na unidade e conseguiu abrir o cadeado da portinhola por onde passa o “Jumbo” enquanto fazia a limpeza do setor.

O detento responde por um homicídio em Franca.

Segundo dados de agosto do CNJ o CDP de Caraguatatuba opera com 123 Policiais Penais para uma população de 1395 presos, uma proporção de mais de 11 presos por Policial, mais de duas vezes o recomendado pelo o CNJ.

Ainda segundo o CNJ a unidade opera com 169,89% da capacidade projetada violando a determinação do STF no julgamento da ADPF 347.

Há anos o SINPPENAL vem denunciando o déficit de pessoal do Sistema Prisional  do Estado de São Paulo, atualmente o déficit atinge quase 35% do efetivo e compromete a manutenção da segurança e da disciplina nas unidades prisionais do estado.

O concurso para 1100 vagas atualmente aberto só resultará em novos Policiais Penais trabalhando nas unidades em 2027.